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Tolba Phanem, poeta africana, lutadora pelos direitos civis das mulheres e escritora, tem muito a nos ensinar com a sabedoria da áfrica na “ Cançãos dos Homens”.
Quando nos permitimos ir além do nosso próprio umbigo, abrimos também a possibilidade de aprender com as outras culturas, e quanto mais aprendemos, mais percebemos o quanto estamos distanciados de nós mesmos, da natureza, da nossa cultura e da nossa própria alma.
O homem desde o mais remoto dos tempos, sempre se comunicou através da dança, mesmo o mais primitivo. Os gestos corporais, eram a forma que ele encontrava em seu tempo para poder se expressar...Nos dias atuais, com a modernidade, muito dessas belezas culturais, tem se perdido, e o homem, junto.
O resgate de culturas, de sabedorias ancestrais, é uma de minhas ferramentas nesse trabalho, e, essa canção vem de encontro a tudo o que acredito ser importante para todos nós...O Amor. Seja em forma de canção, de danças...Não importa. O que importa, é que o homem, relembre, que um dia ele já teve também a sua canção. Para isso, basta acordá-la novamente.
Isso me fez lembrar um poema de Drumond: O primeiro poema de Alguma poesia é o conhecido "Poema de sete faces", do qual transcreve-se a primeira estrofe:
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
A palavra gauche (lê-se gôx), de origem francesa, corresponde a "esquerdo" em nosso idioma. Em sentido figurado, o termo pode significar "acanhado", " inepto". Qualifica o ser às avessas, o "torto", aquele que está à margem da realidade circundante e que com ela não consegue se comunicar. É assim que o poeta se vê. Logicamente, nesta condição, estabelece-se um conflito: "eu " do poeta X realidade. Na superação desse conflito, entra a poesia, um veículo possível de comunicação entre a realidade interior do poeta e a realidade exterior.
Todos temos nossos dramas e conflitos, e todos necessitamos do apoio, acolhimento nessas horas...Sem raízes não somos nada...Sem cultura, não existem raízes.
“A Canção dos Homens”
Quando uma mulher, de certa tribo da África, sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres e juntas rezam e meditam até que aparece a “canção da criança”.
Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam a sua canção.
Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe cantam sua canção. Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta. Quando chega o momento do seu casamento a pessoa escuta a sua canção.
Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e, igual como em seu nascimento, cantam a sua canção para acompanhá-lo na "viagem".
Nesta tribo da África há outra ocasião na qual os homens cantam a canção.
Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, o levam até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor.
Então lhe cantam a sua canção.
A tribo reconhece que a correção para as condutas anti-sociais não é o castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade.
* * *
Quando reconhecemos nossa própria canção já não temos desejos nem necessidade de prejudicar ninguém.
Teus amigos conhecem a "tua canção" e a cantam quando a esqueces.
Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes as escuras imagens que mostras aos demais.
Eles recordam tua beleza quando te sentes feio; tua totalidade quando estás quebrado; tua inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estás confuso. “ ( Tolba Phanem)
Namastê!
Que fotografia linda .)
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