Os conceitos sobre o que é comunicação não-verbal é um assunto muito enfocado e discutido na literatura por diversos pesquisadores. Pelos olhos de Rector & Trinta (1985), alguns fazem objeção ao termo não-verbal por ser abrangente, e pela oposição que faz ao componente verbal da comunicação humana, outros, utilizam o termo integração comunicativa cara a cara ou ainda consideram a comunicação não-verbal como atividade expressiva aquém das palavras. Mas para nós profissionais, também, da arteterapia, encontra-se nessa forma de linguagem, uma ferramenta a mais para interagir com o paciente. Nem sempre conseguimos nos expressar pela linguagem verbal. Então, um dos caminhos fantásticos que temos é permitir a esse corajoso viajante, que se expresse da melhor forma e, a seu tempo, seja pela pintura, canto, dança...etc...
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A função da arte não é a de passar por portas abertas, mas é a de abrir as portas fechadas. (ERNST FISHER, 1973). O homem das cavernas já utilizava a arte como meio de linguagem e identificação, uma forma de expor seus sentimentos e emoções. Portanto, podemos pensar a arte como forma de expressão do ser humano. Muitas foram as manifestações de dor, angústia, luta, morte, vitórias e alegrias que ficaram representadas nas paredes das cavernas (nas pinturas rupestres), o que nos leva a pensar em expressões do inconsciente representadas por imagens e símbolos. “A arte é quase tão antiga quanto o homem” (FISCHER, 1971, p. 21).
Ao direcionar o olhar para a produção científica nas terapias atuais, a arteterapia vem ganhando um espaço cada vez maior. A discussão sobre a arte enquanto método terapêutico ganha um foco especial e, nada mais coerente, do que iniciarmos nossa jornada através da conceituação de tal modalidade.
As artes em geral têm o poder de alcançar emoções profundas, como refere Brown (2000), elas podem mudar a maneira como você se sente em relação ao mundo e a si mesmo. A arteterapia consegue examinar a forma como você olha para si mesmo e para o mundo. Seja trabalhando com argila, palavras ou teclas de um piano, um artista constrói um mundo de símbolos que libera emoções e idéias. Todos nós temos símbolos que representam nossos pensamentos e sentimentos.
De acordo com Philippini (1998), a arteterapia decorre da utilização de diversas modalidades expressivas para materialização de símbolos, os quais expressam e representam os níveis profundos e inconscientes de nossa estrutura psíquica. Dessa maneira, a autora afirma que estes símbolos acabam por configurar uma espécie de documentário, o qual permite o confronto destes conteúdos internos com a consciência do indivíduo que os traz, permitindo insights e posterior transformação e expansão da estrutura psíquica. Acima de tudo, a arteterapia visa o trabalho através do processo criativo e espontâneo do indivíduo.
De acordo com Philippini (1998), a arteterapia decorre da utilização de diversas modalidades expressivas para materialização de símbolos, os quais expressam e representam os níveis profundos e inconscientes de nossa estrutura psíquica. Dessa maneira, a autora afirma que estes símbolos acabam por configurar uma espécie de documentário, o qual permite o confronto destes conteúdos internos com a consciência do indivíduo que os traz, permitindo insights e posterior transformação e expansão da estrutura psíquica. Acima de tudo, a arteterapia visa o trabalho através do processo criativo e espontâneo do indivíduo.
Na arteterapia com abordagem Junguiana, o caminho será fornecer suportes materiais adequados para que a energia psíquica resgate símbolos em criações diversas. Estas produções simbólicas retratam múltiplos estágios da psique, ativando e realizando a comunicação entre inconsciente e consciente. Este processo colabora para a compreensão e resolução de estados afetivos e de conflitos, favorecendo a estruturação e expansão da personalidade através do processo criativo.
Partindo desta premissa, podemos reforçar através de Jung (1977) e sua teoria analítica, na qual postula-se que os símbolos implicam em:
alguma coisa vaga, desconhecida, ou oculta para nós. (...) Uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem têm um aspecto ‘inconsciente’ mais amplo, que nunca é precisamente definido ou de todo explicado (p. 20).
O mesmo autor ainda afirma que os conteúdos internos de cada indivíduo – seu inconsciente - estão sempre em voga em sua percepção acerca da realidade. Desta maneira, deve-se levar em consideração que toda experiência irá conter fatores desconhecidos e a realidade concreta irá conter aspectos que ignoramos.
Como já dizia Sara Paim (1998), doutora em filosofia e psicologia: “Se damos à antiga relação uma nova significação, damos ao sujeito a possibilidade de mudar, de inventar uma nova maneira de se fazer amar”.
Nesse âmbito a arteterapia trabalha na criação e estudo (análise) das séries produzidas por um sujeito, podendo realizar o estudo do desdobramento dos processos intrapsíquicos. Torna-se uma maneira simples e criativa para resolução de conflitos internos, e gera a possibilidade da catarse emocional de forma direta e não intencional.
A arte se converte em um elemento facilitador ao acesso do universo imaginário e simbólico, pois ao trabalhar com materiais artísticos o indivíduo tem a possibilidade de criar uma nova forma a partir de uma forma original.
Na psique humana, as informações colaboram para o desenvolvimento de toda a dinâmica intra-psíquica, ao serem transportadas à consciência por meio do processo arteterapêutico. Este processo é facilitado pelas modalidades e materiais expressivos diversos, tais como tintas, papéis, colagens, modelagem, construção, confecção de máscaras, criação de personagens e outras infinitas possibilidades criativas. Todos propiciam o surgimento de símbolos indispensáveis para que cada indivíduo entre em contato com aspectos a serem entendidos, assimilados e alterados (VALLADARES e NOVATO, v.3 n.1, 2001,).
Para a arteterapeuta Annie Rottenstein que nasceu no dia 7 de fevereiro de 1948, em Paris, França é artista plástica autodidata e entre 1966 e 1972 realiza mestrado de língua e civilizações hispânica e latinoamericana, na Universidade de Paris e Madri, Espanha. Em 1975 instala-se no Brasil, na cidade de São Paulo. No ano seguinte inicia sua atividade artística autodidata de escultora têxtil. No período de 1979 a 1982 vive e viaja no Maranhão e na Floresta Amazônica, onde pesquisa materiais e técnicas artesanais locais. A partir de 1983 passa a residir em Belo Horizonte, MG. Ela utiliza o processo criativo para trabalhar as perdas e valorizar a vida e complementa; o objetivo não é a estética das produções, mas a recuperação da possibilidade de cada um criar livremente e sem limites, para que através dos símbolos que vão surgindo pouco a pouco, a pessoa possa mapear as suas limitações e activar os seus núcleos de energia, fortalecendo todo o seu processo de individuação do si-mesmo, do Eu Sou (Annie Rottenstein, Ano 1, N° 1, dez 2004)
Assim, podemos entender, que a arteterapia consiste em toda produção concreta do ser humano, utilizando-se diferentes matérias- primas, sendo criativa no sentido de ser única proveniente de uma energia criativa e nunca uma repetição de qualquer coisa já elaborada, possuindo significados simbólicos e tendo a capacidade de possibilitar o expressar-se no mundo despertando emoções naquele que a observa.
O século V a.C. já conta com registros na Grécia de emprego da Arte, como um meio de tratamento e cura. Desde épocas remotas, as expressões artísticas correspondem à expressão psíquica da comunidade e, particularmente, de cada indivíduo. Com isso, a arte passou a ser utilizada como instrumento de expressão cooperadora e transformadora na edificação de “seres” mais inventivos, criadores, fortes e saudáveis.
Foi utilizando ferramentas que o homem se fez homem, produziu-se a si mesmo. Simultaneamente, o homem e a ferramenta passaram a existir, indissoluvelmente ligados um ao outro
Entre os autores brasileiros, destaca‐se Fayga Ostrower(1920-2001), gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, chegou ao Rio de Janeiro na década de 30. Cursou Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas, em 1947, onde estudou xilogravura com Axl Leskoscheck. Entre os anos de 1954 e 1970, desenvolveu atividades docentes na disciplina de Composição e Análise Crítica no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. No decorrer da década de 60, lecionou no Spellman College, em Atlanta, EUA; na Slade School da Universidade de Londres, Inglaterra, e, posteriormente, como professora de pós-graduação, em várias universidades brasileiras. Durante estes anos desenvolveu também cursos para operários e centros comunitários, visando a divulgação da arte. Fayga Ostrower em seu livro: Criatividade e Processos de Criação escreveu sobre a importância da criatividade no desenvolvimento humano: “...criatividade é um potencial inerente ao homem, e a realização desse potencial, uma de suas necessidades.(...) De fato, criar e viver se interligam” (OSTROWER, 1977, p. 12, 1977).
A criatividade é vista diretamente ligada a processos de crescimento, funcionamento saudável, auto-realização e alargamento do campo de experiências de vida. É um processo fundamental da vida do Ser Humano. É quando acreditamos nesse potencial da criatividade humana, que se fundamenta o alicerce de todo um trabalho realizado.
Stela Petrazzini
Bibliografia:
FISCHER, E. A necessidade da arte. (3ª ed.) Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1971.
JUNG, C. G. O Homem e seus Símbolos – Rio de Janeiro- Editora Nova Fronteira, 1964.
___________ O espírito na arte e na ciência. (3ª ed.) Petrópolis: Vozes, 1971.
OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processo de Criação. Rio de Janeiro: Petrópolis, Vozes, p. 12,1977.
RECTOR, M. TRINTA, A. A comunicação não-verbal: a gestualidade brasileira. Petrópolis, Vozes, 1985.
VALLADARES, A. C. A.; NOVATO, A. C. R. S. Aspectos transformadores da construção em arteterapia com adolescentes. Goiânia: Rev. Eletrônica de Enfermagem, v.3, n.1, 2001.
Adoro dançar.A dança é a maior manifestação de todas as nossas emoções juntas.
ResponderExcluirObrigada por passar no blog e deixar aquele comentário sobre religião tão rico no 4 por 4.Fico feliz de conhecer mais uma pessoa especial e que tem muito a dizer na blogosfera atraves do William,vc.
Boa semana querida,bjka
Ola, boa tarde!
ResponderExcluirSou estudante do 5° período de psicologia, estou realizando um trabalho sobre linguagem não verbal. Nas minhas pesquisas achei seu blog e amei, adorei a matéria sobre arte e linguagem concordo muito que tudo que envolve a arte é libertador e promove a cura em muitos casos de doenças tanto físicas quanto psíquicas. Continue com esse bom trabalho de promoção da vida.
Abraços!!